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17/01/08

Um primeiro olhar sobre Paris...



Estive há alguns anos em Paris. Tinha então 14 anos e fui numa excursão. Lembro-me de ter feito a desconfortável viagem até lá numa Toyota Hiace, a mesma na qual perdi o conto às horas que iam passando. Sei apenas que demorámos imenso tempo a chegar lá. Não me recordo de, naquela altura, ter tido qualquer deslumbre em relação a Paris. Lembro-me de, naquela altrura, ter visitado o Sacré-Coeur, um monumento imponente, mas, diga-se de passagem, nada mais.

Voltei a Paris com 38 anos, pela altura do Natal. Mas desta vez a viagem durou apenas 2 horas de avião e viajei na companhia de uma pessoa sobre a qual falarei mais tarde.

Levei uma bofetada de frio quando respirei o ar parisiense. Estava um frio de rachar quando saí do avião. Já os prudentes me tinham avisado sobre o frio que se faz sentir naquela cidade, mas não fiz caso...enfim. Prudências meteorológicas à parte, observei o céu cinzento de Paris, o mesmo que não deixei de vislumbrar nos dias que se seguiram ao da minha chegada.
Quando conseguimos apanhar um táxi que nos conduzisse até à casa onde iriamos viver nos próximos tempos, percebi que o meu francês era péssimo. Eu mal consegui dizer uma palavra. Mas não desanimei, até porque teria algum tempo livre para reaprender o meu francês.

Comecei a vislumbrar os enfeites de Natal por todos os lados, fios de luzes ligando ruas entre si, árvores iluminadas, anjos coloridos e enfim, uma panóplia de cores indescrítiveis pelas ruas. A noite caía como um manto às 4 horas da tarde, lentamente, e as luzes de Natal ficavam ainda mais brilhantes.

Fiquei com vontade de sair pelas ruas de Paris logo pela manhã, de pisar a cidade das luzes e apreender-lhe o nome e respirar o aroma das ruas e da sua história. Havia tanto para ver numa cidade antiga, mas antes de olhar para os lugares, tenho o péssimo defeito de olhar para todas as pessoas que passam e que se cruzam comigo. Por vezes tenho a sorte de ser correspondida com um sorriso vindo de um rosto simpático, noutras sou prudente demais para olhar directamente e olho-as de soslaio.

Mas em Paris aprendi, logo à chegada, que era preciso ser prudente, em primeiro lugar, com o sitio onde punha os pés. Não podia andar nas ruas a olhar para cima, tinha de dobrar constantemente o pescoço para olhar para o chão, pois, pareceu-me, que uma pequena distracção podia indispor-me para o resto do dia. As ruas de Paris estão sujas, quiçá arrisque a dizer imundas e inundadas com caca de cão. Parece que todos os parisienses são muito zelosos no trato com os animais domésticos, mas parece-me que não o são com as suas ruas, jardins e passeios. Os passeios são largos e o trânsito infernal. Nunca havia visto semáforos a regular o trânsito de 200 em 200 metros. Diga-se de passagem que tem os seus benefícios no que respeita às velocidades, mas bloqueia o trânsito. Pela primeira vez, observei que era necessário dar prioridade aos veículos que entravam pela direita nas rotundas, mesmo que o nosso veículo se encontrasse já a circular no interior da rotunda. Há semáforos nas rotundas e quatro faixas para circular. Uns dirão que este sistema é organizado, outros, ouvi dizer, é um sistema que provoca o caos. Percebi que era melhor aprender sobre as redes de metro e de autocarros. Não me imaginava a conduzir no caótico trânsito de Paris. Tentei uma vez, mas passei a bola no primeiro semáforo.