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09/02/12

Viver com sabedoria


Viva sua vida de forma que o medo da morte nunca possa entrar em seu coração.
Nunca incomode ninguém por causa de sua religião:
Respeite os outros em seus pontos de vista, e exija que eles respeitem os seus.
Ame sua vida, aperfeiçoe sua vida,embeleze todas as coisas em sua vida.
Busque fazer sua vida longa e de serviços para seu povo.
Prepare uma canção fúnebre nobre para o dia quando você atravessar a grande passagem.
Sempre dê uma palavra ou sinal de saudação quando encontrar ou cruzar com um estranho em um local solitário.
Demonstre respeito a todas as pessoas, mas não se rebaixe a ninguém.
Quando você se levantar de manhã, agradeça pela luz, pela sua vida e força.
Dê graças por seu alimento e pela alegria de viver.
Se você não vir nenhuma razão para dar graças, a falha se encontra em você mesmo.
Não toque o aguardente venenoso que transforma os sábios em tolos e rouba deles suas visões. Quando chegar sua hora de morrer, não seja como aqueles cujos corações estão preenchidos de medo da morte, e que quando a hora deles chega eles choram e rezam por um pouco mais de tempo para viverem suas vidas novamente de uma forma diferente.
Cante sua canção de morte, e morra como um herói indo para casa.


Tecumseh

13/03/11

Deus no silêncio...

Toda a semente de árvore cresce vagarosa e silenciosamente...


E é neste silêncio que ela se eleva do fundo da terra..

As chuvas caem sobre si como um maná que cai dos céus,

E ela vai brotando, devagar, ao som do vento que a toca.

Vai-se deleitando com o cântico dos pássaros que voam.

Vai-se alimentando do solo onde repousa.

Eleva-se em direcção ao azul do céu, lentamente e sem pressa.

De invisível semente, transforma-se em robustez e em beleza,

Adornando-se de braços suspensos e brincos de folhas.

Vem um calendário de estações que vai passando,

E a árvore continua a elevar-se, estendendo os seus ramos orgulhosos.

O musgo vem prender-se à sua formosura e alí a veste com um traje real.

E os trevos constróem tapetes entrelaçados com flores silvestres.

E a árvore cresce, adornada nos seus cantos pelos ninhos.

E toda ela, majestosa e adornada, vai-se dirigindo ao infinito.

E um dia olha em seu redor... e vê que se encontra numa floresta imensa...

Na qual outras árvores cresceram tal como ela e são suas semalhantes.

O seu olhar vagueia no horizonte e recolhe-se com o cair das trevas.

E volta a abrir os seus braços com o nascer da alvorada.

As suas raízes cimentam o seu tronco e sustentam a sua grandeza,

E tantos anos se passaram em silêncio...

E nada mais foi preciso que o tempo...

02/10/10

Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
isto é carência.



Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
isto é saudade.


Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...
isto é equilíbrio.


Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida...
isto é um princípio da natureza.


Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
isto é circunstância.


Solidão é muito mais do que isto.


Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.


Francisco Buarque de Hollanda

05/09/10

Arquivador de Lágrimas

Vagueio nas ruas de uma cidade solitária. Olho para os candeeiros que iluminam as ruas da calçada. É raro que alguém erga os olhos enquanto caminha para observar os altos candeeiros. São eles que, imponentes, nos afastam da total escuridão da noite e nos permitem ver onde colocamos os pés.

Depois do jantar, gosto de caminhar e saio vestido com o meu comprido casaco preto. Desta forma, dou menos nas vistas aos traseuntes que passam por mim de vez em quando, e é assim que quero caminhar, como se não existisse para os olhos alheios, mas estes não escapam ao meu olhar, mesmo que também estejam vestidos de negro. Na sua maioria, caminham com os olhos cravados no chão, sentindo-o nos pés apenas como um meio para chegar a algum destino. E assim é com todos aqueles que passam por mim.

As ruas da calçada onde caminho estão gastas e brilham como espelhos devido à geada que caiu sobre elas. O frio que se faz sentir corta o rosto, mas não desisto de mais um passeio nocturno que sempre ocupa os meus olhos e as minhas emoções.

Dependuradas das folhas das árvores de Outono, a geada elabora pingas em forma de lágrimas, que muito lentamente vão descendo até cairem sobre a terra do chão já molhada. No meu catálogo de pingos em forma de lágrimas, já arquivei as das folhas árvores que se formam com a geada. Também acrescentei aquelas que escorrem das pedras molhadas da calçada e que depois se vão juntar a outras e assim vão formando os cursos de água nas bermas dos passeios. Junto com estas tenho as das flores silvestres dos jardins de rua, as dos telhados que pingam incessantemente quando chove, as do meu guarda-chuva e outras tantas pingas em formas de lágrimas que se tornaram vulgares pela sua cadência previsível.
O passeio pode ser longo, mas os passos são lentos, tal como todos aqueles que não têm pressa de chegar a lugar algum. Atento a surpresas, os meus olhos pestanejam lentamente, para que possam reter algo que não observaram no dia anterior. O frio desta noite em que caminho cria-me lágrimas nos olhos, como uma reacção física de protecção, mas estas também já tenho catalogadas. São aquelas que são isentas e se derramam sem emoções. São espontâneas como uma reacção à temperatura do ar.

Numa data que prefiro não referir, vi alguém que eu muito amava partir deste mundo e foi nesse momento que comecei a perceber o que eram lágrimas incontroláveis, que jorravam como o fluxo de sangue invisível do coração. Eu tinha apenas quinze anos quando isso aconteceu. Considerava o futuro impossível sem a presença dessa pessoa e das suas palavras doces, mas a sua partida não dependeu de mim e, como mais tarde alguém me explicou: a vida é assim! Mais tarde ou mais cedo perdemos todos os que amamos, mas a ironia do destino é que percebi nessa altura que os outros também nos perdem e que nunca é fácil dizer adeus a quem se ama, seja em que circunstância for.

Foi a partir daquele momento, em que observei as plantas dos parapeitos lá de casa, que começou toda a minha aventura de arquivar lágrimas.

Depois o tempo secou e cristalizou as minhas lágrimas e deixou uma cicatriz no coração. A ferida sarou, e as memórias tornaram-se menos dolorosas. Aprendi a viver com a realidade da sua ausência física, mas com a sua presença no coração. E foi então que as lágrimas de dor que derramei ao longo do tempo, passaram a ser de saudade.

Conheci a dor profunda para conhecer as lágrimas.

O tempo tudo sarou e fez adormecer o que sentía ser impossível de acalmar. Nasceu em mim a sensação de um eterno abraço que me aquecia e protegia da má sorte.

Depois de arquivar muitas lágrimas, continuo a observar o mundo à minha volta, mas nenhuma lágrima foi ou será comparável às que se cristalizaram dentro de mim.





03/08/10

Reflexão



Como se retoma a vida que se tinha outrora?
Como se continua a viver quando, lá no fundo do coração,
se começa a perceber que não se pode voltar atrás?
Que há coisas que o tempo não cura...
Algumas feridas são tão profundas, que perdurão para sempre...


Frodo Baggins in Senhor dos Anéis de JRR Tolkien

15/05/10

Canção...


Não é erro, meu irmão, é a realidade, um mundo inteiro cheio de raiva e solidão.
Olha! existe tanta estupidez, irmão, e todos querem tudo fácil e rápido.
O homem só se pode mudar a si próprio e depois ver que mudou um mundo.
Existem tantas portas que nós nunca abrimos.
Será que vamos acordar amanhã e ver que existe um buraco no lugar do nosso coração?
Eu não consigo ver a luz, irmãos e irmãs, temos de nos levantar e viver.
Estamos sem dormir e queremos que as coisas finalmente acabem,
pois o que tu agora não compreendes, provavelmente nunca compreenderás.
Quantos anos nos restam?
Ninguém quer estar sózinho.
Uma pessoa é uma pessoa, e que diferença existe entre sangue e sangue?
O que interessa que tu dividas o mundo entre "nós" e "eles", e em "para nós" e "contra eles"?
A terra está triste, a terra chora...


Muki, cantor rap israelita.

03/02/10

Os momentos que não queremos repetir...



Os que chorámos com dor no coração
Os que foram ensombrados por lembranças
Aqueles que foram esvaziados de sentido
Os do arrependimento pelas decisões erradas
Os do dizer adeus e morrermos por dentro
Aqueles em que nos sentimos cair no abismo
Os que nos traíram com sorrisos
Os das rugas que encontrámos no espelho
Aqueles em que sentimos falta de inocência
Os que pensámos durarem para sempre
Os que deixámos de contar no calendário
Aqueles em que o dia se tornou noite
Os que enfeitámos de ilusões
Os que brilharam só de aparência
Aqueles em que magoámos com palavras
Os que sentimos a maior das solidões
Os que nos tornámos covardes
Aqueles que nos sentenciaram sem recurso
Os que nos sentimos perder tempo
Os que não tivemos tempo para nada
Aqueles em que um não foi a única resposta
Os que sentimos não poder voltar atrás
Os que não colhemos o que plantámos
Aqueles em que desmoronámos como vidro quebrado
Os que nada nos sobrou para repartir
Os que nos esquecemos de nós,
E de tudo o que tivémos por Verdadeiro
E por obra do destino se tornou falso...