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01/09/08

A Sombra

Fizes-te do teu o meu caminho;
Sem perceberes, eu era a tua esperança,
Rodeada de beirais formosos,
Onde não cabem riachos de tristeza.
Fizes-te de mim a tua poeta, que te canta,
e te encanta com a luz das palavras.
Fizes-te dos meus olhos o teu reflexo,
Como o brilho do Sol que te queima,
E que te aqueçe nas noites mais frias.
Fizes-te dos teus os meus fantasmas
Que me visitam em sonhos,
A quem procuro não dar guarida.
Fizes-te dos meus braços o teu conforto,
Sem te aperceberes que tudo não abarcavam,
E que expiavam de cansaço quando adormecias.
Fizes-te das tuas noites os meus dias,
E dos teus dias as minhas noites,
Para que não existisse escuridão do teu lado.
Fizes-te com que o teu coração
Fosse completo em mim e não em pedaços nos dois
Para que, pelo menos, um sobrevivesse.
Se crês em tudo isto, vale a pena viver do teu lado.
Mas, tal como a andorinha regressa na primavera,
Irá querer partir no outono.
O seu ninho fica para quando voltar,
Porque sempre será primavera no seu coração.

Maria

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